domingo, 28 de novembro de 2010

Evangélico x Protestante

Quantos já ouviram falar de igreja evangélica na mídia? Geralmente representada por escândalos gerados em torno de assuntos financeiros, enquanto a igreja católica é associada a crimes de pedofilia.
Sem me adentrar nesses casos apresentados, mas já ouviu falar na igreja protestante na mídia? porque o termo "Protestante" é tão pouco utilizado na mídia brasileira?
Apresento aqui apenas uma teoria com relação a esse fato:

Não possuo grande conhecimento histórico, mas vou tentar demonstrar algo nos fatos históricos para seguir uma  linha de raciocínio.
Segundo dados históricos, Jesus Cristo, a representação divina do filho de Deus para os cristãos, nasceu aproximadamente no ano 6 a.c. segundo essa lógica, a partir do ano 26 d.c. iniciou-se a propagação do evangelho, das boas novas. Os seus discípulos e seguidores deram continuidade ao seu trabalho ao redor do mundo, mesmo sobre o julgo do Império Romano (27 a.c. - 1453 d.c.) a mensagem cristã foi divulgada em todo "mundo conhecido" da época.
Ictus, acrônimo para: "Iesus Christos Theou Uios Soter"
que significa: Jesus Cristo Filho de Deus Salvador

Conhecidos como Ichthus ou Ictus, ( significa "peixe", do grego antigo ΙΧΘΥΣ) os cristãos primitivos eram submetidos a diversas torturas e humilhações pelos romanos, pois entravam em conflito direto contra o politeísmo romano, ou seja, a crença em várias divindades, pois afirmavam que apenas Jesus Cristo era a representação de Deus. 


Após grande penas aplicadas aos adeptos do fé cristã, aproximadamente do ano 315 d.c. o atual imperador de Roma, Constantino I, depois de uma "visão", declarou-se cristão, mesmo favorecendo ao politeísmo romano. Algumas fontes históricas defendem que a conversão de Constantino I e seu batismo foram nada mais que um jogo político da época, devido ao crescimento de cristãos no território romano, temendo uma revolução, o imperador influenciou diretamente as tradições e dogmas dos cristãos, realizando uma "fusão" aos costumes romanos.


Posteriormente, no ano 380 d.c. o imperador romano Teodósio I declara o "cristianismo" como religião oficial do império romano, sendo que nesse período, os dogmas e tradições dos cristãos primitivos já haviam sido distorcidos e adaptados à realidade romana da época.
Com o passar dos séculos ocorreram a queda do império romano no ocidente (476 d.c.), a primeira grande cisma, ou seja, a fundamentação da Igreja Católica e Igreja Ortoxa (1054 d.c.) e o fim do império romano com a destruição de Constantinopla (1453 d.c.)
Dama-de-ferro, instrumento de tortura
utilizado pela Inquisição.


Com a queda do império romano no ocidente no século V, iniciou-se a idade média e o domínio teocrático da Igreja Católica, ou seja, a igreja possuía poder político, e aqueles que iam contra ao principal líder cristão - o Papa - e os dogmas e doutrinas impostos, seriam vítimas da Inquisição.
Nesse período, até o século XVI, os cristãos e os nobres eram dominados pela igreja, aqueles que era acusados de crimes/pecados de heresia, usura, lascívia, feitiçaria e entre outros eram submetidos à torturas, prisões e pena de morte.
A venda de Indulgências, a Auto-Flagelação, a Canonização de Santos, eram práticas de um sistema imperialista, fundamentados não mais nos ensinamentos de Jesus Cristo, mas em uma herança romana, onde a carnificina era visto como instrumento divino.
Foi quando em 1529 d.c. alguns membros desse sistema visualizaram o erro, e foram contra todo um sistema imposto à séculos, foram contra aquilo que fugia cabalmente dos ensinamentos que em sua concepção eram divinos, foi o início da Reforma Protestante e posteriormente a fundamentação da Igreja Protestante.


Mas e a Igreja Evangélica?


Os dois termos, Evangélica e Protestante fazem referência aos cristãos que romperam com a Igreja Católica durante a Reforma Protestante
O termo Protestante vem do documento formal de protesto (Protestatio) que foram apresentados em 1529 d.c, por Martinho Lutero e seus seguidores (conhecidos com Luteranos) manifestando a oposição à política religiosa adotada pela Igreja Católica
Já o termo Evangélico vem do fiel que se submete ao ensinamento contido nas "boas-novas" (evangelium, em latim) ou seja, os ensinamentos de Jesus Cristo
Sola Scriptura, apenas as Escrituras Bíblicas
deveriam guiar os fundamentos cristãos.


Os Protestantes se declaravam adeptos do Evangelho, um dos seus princípios durante a Reforma Protestante era o da Sola Scriptura ("Só a Escritura", em latim). Isso significava que, para os Protestantes, apenas a Bíblia era fonte de revelação suprema, e que não deveria ser permitido à Igreja fazer doutrinas fora dela. Todos esses movimentos estimulavam o fim do monopólio da Igreja Católica sobre a interpretação da Bíblia e reivindicavam que todo e qualquer cristão pudesse ter acesso as Escrituras. 
Os Protestantes recusavam a ideia de que um único líder - o Papa - deveria guiar os rumos da religião e ditar um regime teocrático.


Atualmente, no Brasil, o termo Evangélico é mais popular que o termo Protestante, pois fugiu um pouco da sua semente histórica, hoje os Cristãos Evangélicos se contentam em apenas serem "simpatizantes" do Evangelho e novamente são sub-julgados por novos dogmas e doutrinas inválidas.


Protestante é aquele que confronta, protesta contra o imperialismo religioso, fundamentado na sua fé nas escrituras sagradas e em seu real relacionamento com o Deus vivo.
Mesmo que muitas vezes o domínio teocrático tente calar essa voz, Aquele que está é maior do que aquele que governa o mundo.
Esse termo não vai ser se tornará popular enquanto deixamos a simples prática de vida religiosa cristã e contemplarmos realmente a realidade proposta pelo Evangelho.


Evangelho é conflito, se não há conflito, não é Evangelho.

2 comentários:

Edgard MacFraggin' disse...

Muito bom o texto e a revisão histórica, meu amigo. Realmente, o termo "protestante" foi tao abandonado no Brasil que quando perguntam "qual religião vc segue" e vc responde que eh protestante, as pessoas perguntam o que é isso? Se vc fala "evangélico" elas entendem, mas aparentemente gostam mesmo eh do esculaxado termo "crente" (esse termo eu odeio! Eu sou protestante, oras). Muito relevante esse tópico! Continua na força aew, Paz!

Faaire disse...

Diria que a força do evangelho sempre foi o fazer a vontade de Deus como servos. Já que até o próprio Cesar temia os cristãos, pois a palavra senhor no vocábulo grego "Kurios" eram usados pelos escravos ao se dirigirem a seus amos. A mesma palavra, com inicial maiuscula, era aplicada ao imperador - César. Mas quando os funcionários públicos se encontravam nas ruas, tinham que saudar uns aos outros com as palavras "César é o Senhor!" e a resposta invariavelmente era: "Sim, César é o Senhor!"
Mas, sempre que alguém saudava os cristãos com estas palavras, eles respondiam "Não, Jesus Cristo é o Senhor". Ou seja, César tinha certa autoridade, mas Jesus é quem manda de fato.
Concordo com seu texto em partes. Diria que evangelho é (também) conflito, mas tem muitas outras coisas.
No período negro, no século XVI, na inquisição, muitos cristãos foram condenados, pois viviam o evangelho, bem antes da reforma, muito antes das idéias de protestantismo e coisa e tal, mas por eles não acreditarem no poder papal, romano, eles morreram, como mártires do evangelho do Reino, mortos pela verdade que viviam em suas casas. Paralelamente ao catolicismo e bem distante de sua via.
Mas essas terminologias servem apenas para rótulo. Afinal, se você ler em atos, não foram os próprios discipulos que se nomearam, e sim, as pessoas, vendo Cristo neles, começaram a chamá-los de cristãos. (pequenos Cristos na terra).

Independente da terminologia, se vivermos de fato a vida do Senhor em nós, seremos luz, graça e amor, assim, existirá a esperança da glória, que é Cristo em nós. Colossenses 1:27